por Renata Mielli, de Caracas *
A disputa eleitoral na Venezuela está acirrada. Depois de 14 anos à
frente do governo, é natural que Chávez enfrente desgastes em alguns
setores. Mostra disso é o fato de a oposição ter acumulado posições
desde a última eleição, em 2010, quando o PSUV – Partido Socialista
Unido da Venezuela elegeu 95 deputados para a Assembleia Nacional,
contra 61 da oposição, perdendo a maioria qualificada da Assembleia, mas
mantendo a maioria simples.
O candidato Henrique Capriles se aproveita dos desgastes do governo,
usa um discurso pretensamente de esquerda para tentar ganhar apoio de
setores populares, dizendo que vai manter os programas sociais e, ao
mesmo tempo, acena para os setores econômicos apontando para o fim do
“socialismo do século XXI”. Conta explicitamente com o apoio de grandes
empresas multinacionais e usa de todos os meios possíveis para tentar
uma vitória no dia 07. Vale assediar venezuelanos e não venezuelanos.
Chávez se apoia na mobilização popular com brigadas em cada esquina
distribuindo materiais de campanha e convocando o povo a defender as
conquistas da revolução bolivariana. Filas se formam nas barracas para
pegar materiais e cartazes do comandante.
Assédio eleitoral, um depoimento particular
No
segundo dia de minha estada em Caracas, habilitei um chip para celular
da Movistar, a empresa da Telefônica na Venezuela. Para isso, fiz um
cadastro com nome, endereço e como sou estrangeira com passaporte e
contatos no Brasil. Recebi um número de telefone. No dia seguinte, menos
de 24 horas depois de estar com o telefone habilitado, recebi a
seguinte mensagem: Quieres ser voluntario de Capriles Radonski?
Envia SMS al 212 com *HCAPRILES + Cedula + Correo-e Ya sabes! VOTA
SEGURO por Primero Justicia Abajo a la Izquierda. (foto ao lado)
Fiquei passada. Isso que é assédio eleitoral! A noite, assistindo ao
noticiário no hotel, vi que pipocavam denúncias das pessoas que estavam
recebendo mensagens de vários tipos vindas da campanha de Capriles. Não
só mensagens, mas também chamadas telefônicas, algumas até de madrugada.
Bom, está claro que as grandes empresas de Telecomunicação estão
apoiando a campanha de Capriles. Ok. Mas o esquema eleitoral do
candidato da oposição vai muito além.
Depois de muito trabalho para postar um web-jornal no youtube com entrevistas feitas aqui, passados alguns minutos apareceu
um banner publicitário no meu canal do youtube com uma campanha de
Capriles. Como não creio em coincidências, logo entendi o motivo. Ao
postar o vídeo, selecionei palavras chaves, entre elas Venezuela e
eleições, que foram reconhecidas pela publicidade do candidato
oposicionista.
Estes dois episódios podem dar um pouquinho da dimensão do
acirramento da disputa eleitoral na Venezuela e da ofensiva da
candidatura de Capriles. No Brasil, esse tipo de propaganda é totalmente
irregular segundo a Justiça Eleitoral. E os meios de comunicação acusam
justo o governo de Hugo Chavéz de promover um atentado à liberdade de
expressão!
Chávez ocupa as ruas
Nesta quinta-feira, dia de encerramento da campanha eleitoral, o
presidente Hugo Chávez faz uma grande marcha em Caracas. A meta do
comando chavista é ocupar as 7 principais avenidas da cidade e levar
muito mais gente à rua do que seu opositor levou no último domingo.
fonte(blog de Rodrigo Vianna).
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