musica con sentido e sentimiento

sábado, fevereiro 28, 2009





Voy rolando por la gran ciudad, viendo a miles de gentes pasar,
unos van sonriendo, otros van muy serios y otros van corriendo
como queriendo escapar,

De pronto veo a los ni�os en la esquina estan, pidiendo pa un taco,
pidiendo pa un pan, sus caritas reflejan la nececidad y el vacio
que se siente cuando tu no estas,

Mas prendido que el sol, mas oscuro que la negra noche, mas profundo
que el mar, mas absurdo que la realidad, mas ardiente que el fuego
infernal, mas inmenso que el eternidad, asi es el vacio que se siente
cuando tu no estas,

La gente pasa sin voltear a ver, a los pobres ni�os que no tienen que
comer, algunos les dan algo pero la mayoria no da nada y su triste
mirada me hace sentir,

Mas prendido que el sol, mas oscuro que la negra noche, mas profundo
que el mar, mas absurdo que la realidad, mas ardiente que el fuego
infernal, mas inmenso que el eternidad, asi es el vacio que se siente
cuando tu no estas,

Mas prendido que el sol, mas oscuro que la negra noche, mas profundo
que el mar, mas absurdo que la realidad, mas ardiente que el fuego
infernal, mas inmenso que el eternidad, asi es el vacio que se siente
cuando tu no estas,

Mas prendido que el sol, mas oscuro que la negra noche, mas profundo
que el mar, mas absurdo que la realidad, mas ardiente que el fuego
infernal, mas inmenso que el eternidad, asi es el vacio que se siente
cuando tu no estas,

Cuando tuu nooo estaaas,

domingo, fevereiro 15, 2009

O Sionismo Nazista

A grande mídia ocidental, subordinada a grande mídia ianque, é muito influenciada pelos judeus-israelenses e os não-israelenses desde o término da 2ª Guerra Mundial. Note, por exemplo, o tema nazista, que é explorado com centenas de milhares de filmes todos os anos, ao ponto que um judeu-não israelense, o professor universitário ianque Norman G. Finkelstein da Universidade de Nova Iorque, cujos pais estiveram no campo de concentração de Varsóvia, escrever um livro denunciando a Indústria do Holocausto, construída a partir da Guerra dos 6 Dias:

"(...)...as atrocidades nazistas transformaram-se num mito americano que serve aos interesses da elite judaica, sendo que nesse sentido, o holocausto transformou-se em Holocausto (com h maiúsculo), ou seja, numa indústria que exibe como vítimas o grupo étnico mais bem sucedido dos Estados Unidos e apresenta como indefeso um país como Israel, uma das maiores potências militares do mundo, que oprime os não judeus em seu território e em áreas de influência".

Nele, o autor aponta que o número de sobreviventes foi exagerado com intuito de chantagear grandes corporações, países e bancos como forma de aumentar recursos financeiros na guerra contra os árabes, demonizados, que buscariam novamente a "solução final".

De fato, Israel é um dos poucos países do mundo com programa nuclear, conta com nada menos que 200 bombas atômicas, afora possuir um dos maiores e mais bens preparados exércitos, posto ser obrigatório tanto para homens como mulheres e que, uma vez por ano, o reservista deverá se apresentar a serviços de guerra.

Foi interessante a posição britânica de entregar o problema palestino a ONU, em 1948, isentando-se da responsabilidade, por ela permitida, da invasão sionista no Oriente Médio desde o fim do século XIX, que compravam as melhores terras palestinas e cujo lema era (e continua sendo) "Uma terra [Palestina] sem povo [os palestinos] para um povo [judeus] sem terra.".

Para os donos da ONU, os EUA, cabe a defesa irrestrita de Israel, como "Estado" - que não existe como tal, uma vez que até hoje não conseguiu definir suas fronteiras - e como uma suposta "democracia" — apesar de ser tão fundamentalista quanto são os vizinhos islâmicos, já que baseia seus argumentos na Lei Judaica, ou seja, nas interpretações de ortodoxos do livro religioso Torá e de não possuir uma constituição civil. Essa defesa faz-se importante, não só como modo de lavar a alma ocidental das atrocidades nazistas cometidas contra os judeus, permitida e ocultada pelas nações européias da época, mas também como modo de ter um "país" ocidental na região mais petrolífera do mundo, zona estratégica entre três continentes, e que possui a 4ª bacia de água potável do planeta (Iraque, antiga Mesopotâmia).

Desde a primeira invasão ianque no Iraque, criou-se um mito que o armamento militar ocidental de hoje é tão automatizado que é possível encontrar e atingir um inimigo dentro de uma caverna profunda, sem atingir civis ao redor. O mesmo mito ainda hoje permanece, principalmente quando se trata do povo escolhido de Deus, há quatro mil anos e portanto, superior e merecedor da terra palestina: os israelenses.

Israel supostamente luta contra o terrorismo praticado pelo braço armado do Hamas, e no entanto, o primeiro tipo de terrorismo que possa ser definido como tal é o de Estado, que através do terror e do assassinato, da humilhação e tirania de populações civis impõe seus objetivos políticos, militares e sociais. No caso da Palestina, o terror israelense é acompanhado da profunda corrupção da Autoridade Palestina, que deixou de representar seu povo aliando-se às políticas perpetradas por israelenses.

Os nossos jornais dizem que até agora apenas morreram 900 palestinos e 2500 estão feridos, o que é mais uma piada ocidental, se pensarmos numa população de 1,5 milhão e meio de habitantes que vive numa das regiões mais densamente povoadas do mundo, algo em torno de 4000 pessoas por metro quadrado; isolada, rotulada e marcada como gado por Israel e Egito; sem controle marítimo e espaço aéreo em seu próprio território; não reconhecido como Estado até hoje pela mesma ONU que reconhece Israel; sem eletricidade, sem comunicação com o mundo exterior e ajuda humanitária (graças ao bloqueio israelense); sem educação e saúde, com 80% de sua população na miséria; com sistema de saneamento básico falido etc.

Esta informação do número de vítimas é as que os jornais ocidentais têm acesso, graças ao vínculo com as mídias ianques. No entanto, quem garante a veracidade de tal número se os jornais do mundo inteiro estão proibidos de entrar em Gaza pelos terroristas israelenses? Esta veracidade é a de Israel, o povo opressor. O outro lado do Holocausto é contado por meio de blogs de palestinos sitiados em Gaza (que são ameaçados de morte por isralenses), é retratado por Carlos Lattuf (cartunista brasileiro, já condenado por extremistas), e é claro, pela única mídia que o mundo ocidental não tem acesso: a Al-Jazeera.

Quase todas as guerras israelenses-árabes desde a invasão judia na região foram ganhas por Israel, com apoio militar e econômico dos EUA. Os governos fantoches do Egito e da Arábia Saudita tiveram que se render ao fato de não possuírem bombas atômicas e de não poderem negociar num caso de embargo econômico por lutarem contra Golias - e seu marionete de estimação, os EUA. Este também foi o caminho seguido pela Jordânia, em tempos mais atuais. Assim, o senso comum tem razão quando diz que o mundo árabe também não se importa com a causa palestina, já que os regimes locais ou são ditaduras ou monarquias, em geral fantoches, apoiados pelos EUA. Por outro lado, o Irã, membro permanente do "Eixo do Mal", não é um país árabe, é persa, apesar de ser muçulmano de maioria xiita (ao contrário da maioria dos países da região que são sunitas), e não mantém relações diplomáticas com os EUA desde a Revolução Iraniana, em 1979. Não reconhece Israel como Estado e agora sofre com embargos da ONU em virtude de seu programa nuclear.

A crise palestina nunca foi religiosa, e sim política, econômica, militar (geopolítica) e, portanto, étnica-cultural. O Egito isola Gaza de um lado, impedindo seu acesso ao mundo árabe (desde os primórdios dos acordos de paz), e esta guerra israelense é financiada pela Arábia Saudita. Sendo assim, não é a questão religiosa que importa, trata-se de um massacre muçulmano-judaico, com armas ianques, de um mísero povo árabe e muçulmano. Estes dois países árabes são vistos como traidores no Oriente Médio porque apoia um "estado" terrorista ocidental favorecido totalmente pelo Império, que está amarrado na imunidade conquistada pelos judeus desde a 2ª Guerra.

Naturalmente a ONU como qualquer grande jornal do mundo não está nem aí para os palestinos, ainda que não possam dizer isso abertamente, já que estes não possuem origem étnica e religiosa européia (como no caso dos povos da Ex-Iugoslávia) e ainda não sofreram um Holocausto — talvez somente assim os processos de paz de fato ocorram. Eis a evolução israelense, de oprimido a opressor, do Gueto de Varsóvia ao Gueto de Gaza. E Israel se aproveita, também disso, ao ponto de se isentar e de impor isenção por suas ações.

No entanto, independente de governos ou estados, e também de religiões, os humanos tendem a se identificar com os povos oprimidos e/ou suas guerrilhas, caso dos tibetanos, dos bascos, dos irlandeses, dos zapatistas, das FARC, do MST e, da bola da vez, os palestinos, incriminados e aterrorizados por um povo hoje imune e/ou intocável (e que outrora, participava nas mesmas trágicas condições). Ser contra os israelenses é ser anti-semita, na visão ocidental, em virtude do tabu criado na era nazista e perpetuado em filmes. Daí, os palestinos serem Davi, ainda que atirar pedras num gigante como Golias, que palita os dentes com bombas atômicas e, independente dos julgamentos de terceiros faz o que bem entender, não seja viável.

A grande ironia é que somente a bomba atômica pode trazer a paz entre os países. Sou a favor de que todo e qualquer país tenha acesso a isso, só assim é possível negociar neste mundo. O resto do mundo não se mete com a Coréia do Norte, por exemplo, nem com a China. As relações políticas entre a Índia e o Paquistão sobre a Caxemira são obrigatoriamente resolvidas no diálogo, já que ambos os países também possuem bomba atômica. Sou a favor da bomba atômica da paz, e não a paz sem bomba e sem armas restritas a conversas inúteis na ONU. Quer a paz, prepara-te para a guerra, disse um romano.

Se esse mundo fosse sério e ético, Israel sofreria sanções ou um embargo econômico mundial pelo apartheid que usa contra os palestinos, seria condenado num tribunal internacional por crime de guerra pelos pogrom realizados e pela tentativa de genocídio de um povo imensamente mais fraco político, econômico e militarmente. É o nazi-sionismo imperando, com apoio mundial.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

O que fazem lembra a ditadura, os presos sumiam, como acontece com os adolescentes.


por Carolina Rossetti de Toledo

A dona-de-casa paulistana Solange Prudes Moura Queiróz, 51 anos, perdeu o filho Sidney enquanto ele estava sob a guarda da Febem (atual Fundação Casa). Sidney Moura Queiróz foi internado pela primeira vez aos 15 anos devido a envolvimento com drogas. Lá já apanhou muito. Espancado na unidade de Franco da Rocha, Grande São Paulo, denunciou os funcionários, no episódio “banho de sangue”, maio de 2003. Em setembro aparece na cela com queimaduras no tronco – “é para matar”, diz Solange indignada.

Cinco anos depois da morte de Sidney encontro Solange acusando o Estado brasileiro pela violação dos direitos humanos, no Tribunal Popular realizado na Faculdade de Direito São Francisco da Universidade de São Paulo. Ela é ativista da Associação de Mães e Amigos da Criança e do Adolescente em Risco (Amar), que fiscaliza as atividades da Fundação Casa. Eis a sua história.

Depois que meu filho saiu da unidade Tatuapé, praticou um assalto. Se tornou reincidente, foi mandado para Franco da Rocha. Ele foi um dos meninos que denunciou ao Ministério Público as torturas sofridas lá dentro. Quando tinha visita eu disfarçava e entrava na cela, os meninos estavam arrebentados, com rachaduras na cabeça, braço quebrado, perna quebrada. Era horrível. Meu filho apanhou de barra de ferro, pau. Mães me contaram que viram funcionários segurando meu filho, no pátio, com uma corrente com um cadeadão na ponta e batendo, e ele pedindo socorro. Sidney me contou que todas as unidades tinham entrado em rebelião, só a dele não. E entraram porque um funcionário pegou um dos adolescentes, e levaram para trás da casa e começaram a bater.

Cheguei a ir ao fórum pedir a transferência para o meu filho. Uma vez ele me falou: “Eu errei, tenho que pagar, mas não desse jeito, sendo espancado, humilhado.” Foi quando apareceram os homens de preto, o MIB, hoje é “choquinho”, os meninos morriam de medo daqueles caras com aquelas máscaras pretas. Chegaram na unidade C em que tava meu filho, entraram batendo. Os meninos da B ouviram, começaram a chutar as portas. Esse dia ficou conhecido como “banho de sangue”.

Depoimento pungente de uma criança que viu a familia e os amigos serem assassinados pelos israelenses



Depoimento pungente de uma criança que viu a familia e os amigos serem assassinados pelos israelenses

sábado, fevereiro 07, 2009

poesia da resistencia arabe

Discurso no mercado do desemprego
Samih Al-Qassim*

Talvez perca — se desejares — minha subsistência
Talvez venda minhas roupas e meu colchão
Talvez trabalhe na pedreira... como carregador... ou varredor
Talvez procure grãos no esterco
Talvez fique nu e faminto
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez me despojes da última polegada da minha terra
Talvez aprisiones minha juventude
Talvez me roubes a herança de meus antepassados
Móveis... utensílios e jarras
Talvez queimes meus poemas e meus livros
Talvez atires meu corpo aos cães
Talvez levantes espantos de terror sobre nossa aldeia
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez apagues todas as luzes de minha noite
Talvez me prives da ternura de minha mãe
Talvez falsifiques minha história
Talvez ponhas máscaras para enganar meus amigos
Talvez levantes muralhas e muralhas ao meu redor
Talvez me crucifiques um dia diante de espetáculos indignos
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Ó inimigo do sol
O porto transborda de beleza... e de signos
Botes e alegrias
Clamores e manifestações
Os cantos patrióticos arrebentam as gargantas
E no horizonte... há velas
Que desafiam o vento... a tempestade e franqueiam os obstáculos
É o regresso de Ulisses
Do mar das privações
O regresso do sol... de meu povo exilado
E para seus olhos
Ó inimigo do sol
Juro que não me venderei
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Resistirei
Resistirei

*Samih Al-Qassim nasceu em Zarqá, no seio de uma família drusa. Formado professor, depois da publicação de seus primeiros poemas foi proibido pelos israelenses de exercer a profissão.

nordeste brasil







quarta-feira, fevereiro 04, 2009

“Amém, Satanás, você venceu – até agora”



José Ângelo Gaiarsa, psicanalista, pensador, educador, põe nas livrarias seu novo livro, Educação Familiar e Escolar para o Terceiro Milênio (Editora Ágora). O que esmiúça ali, Gaiarsa adianta para Caros Amigos no texto a seguir, em que ele flagra o método para fabricar crianças impotentes, incapazes e dependentes. Coisa que, diz ele, se vem fazendo há 10.000 anos.

Recolocando como ponto de partida o que já é mais que sabido: nos últimos 50 anos a humanidade vem passando por mais transformações do que as havidas em todo o resto de sua história – 10.000 anos! Mas as esclerosadas estruturas de poder, revitalizadas pela tecnologia, continuam a impedir que aconteça a tão necessária renovação, agora possível. Para evitá-la, nada melhor do que a matança dos inocentes (como foi feito de Herodes até hoje).

A pedagogia ignora dados importantes sobre o cérebro, tido desde sempre como o lugar da inteligência. Tem cabimento? No neonato o cérebro pesa tanto quanto 22% do peso do corpo (no adulto, pouco mais de 2%). A circulação cerebral é de início 3 vezes maior que a do adulto, depois duas, nivelando na adolescência.

Aos 5, 6 anos, o cérebro já alcançou 90% do volume que terá no adulto. E daí? – dirá o leitor. Daí que nos Institutos para o Desenvolvimento do Potencial Humano (Filadélfia), sob inspiração de Glenn Doman e há mais de 40 anos, vêm sendo educadas crianças que com 1 ano já sabem ler, conhecem aritmética, aos 2 ou 3 já lêem correntemente e escrevem livros e peças de teatro e mostram um conhecimento enciclopédico muito bem assimilado. Pouco depois podem conhecer duas, três ou mais línguas (entender, falar, ler), tocar um ou mais de um instrumento (com alto nível de execução), programar computadores, nadar e mover-se como atletas olímpicos.

Tudo com muito prazer e nenhuma coação, competição ou exames. A professora é 90% do tempo das “aulas” a mãe (mais o pai – se ele se interessar). Ela não precisa de cursos especiais. A “técnica” do ensino é muito fácil, favorece a formação de uma relação mãe-filho original e com certeza realiza o sonho de todas as mães do mundo:
“Que eu possa fazer por ele tudo o que está em mim – e tudo o que está nele.”
São insistentes em seus livros: toda “aula” tem de ser fácil, agradável, alegre para os dois, criança e “professora”. Ou será melhor não dar a aula. Notar, ainda: as “aulas” duram de segundos a minutos e são repetidas várias vezes ao dia.
Sonho? Não. Realidade.

O cérebro não tem limites

Os Institutos já formaram milhares de mães, aceitando as crianças que apareciam – sem testes nem seleção. Aliás, condenam competições, exames e testes, que despertam reservas e desconfianças na criança, tanto em relação a si mesmas quanto em relação aos que ensinam. Qualquer criança pode ser... excepcional, se bem amada e levada a sério.

Eles levaram a sério os dados citados acima sobre o cérebro e agiram de acordo: dos primeiros dias de vida até os 5, 6 anos, pode-se ensinar para crianças o que quisermos (e tudo o que elas quiserem) e elas aprenderão sem esforço e com muito prazer.
Aprenderão, também, muito de tudo e de todos os que as cercam, por imitação inconsciente.

Este o significado pedagógico daqueles números citados mais no começo. Crianças humanas podem aprender mais nos 5 primeiros anos de vida do que em todos os demais anos de sua existência.

Nossa escola começa... no fim do período do potencial máximo.
É preciso repetir: estes estudos e experiências já têm quase meio século de existência e difusão mundial.

Oito livros produzidos por membros da equipe já foram traduzidos para mais de 10 línguas e milhões de exemplares vendidos no mundo. Portanto, nenhuma Escola de Pedagogia tem o direito de ignorá-los.

Juridicamente se dirá: ignorância culposa, grave. Contra a criança! Contra o futuro da espécie – em necessidade mais do que urgente de renovação.
Insistindo: não são especulações de um Grande Homem genial, mas trabalho árduo de uma equipe multidisciplinar de pessoas mais que habilitadas e empenhadas no que estão fazendo. Mostram um respeito e uma admiração pelos seus pequenos gênios deveras tocante. Iniciaram suas atividades, bom lembrar, há 50 anos, tentando fazer alguma coisa pelas crianças com lesões cerebrais. Com dedicação extrema da equipe e das mães das vítimas, conseguiram resultados mais que surpreendentes em uma época onde nada se podia fazer por esses infelizes.

Descobriram que o cérebro não tem limites para se desenvolver e o faz se adequadamente estimulado, na forma e na freqüência necessárias.

Só depois começaram a pensar nas crianças normais. Se o leitor estiver interessado em conhecer de perto as técnicas, ou de realizá-las com seu filho, pode encontrar em português: Como Multiplicar a Inteligência do seu Bebê, Glenn Doman e Janet Doman (Artes e Ofícios, 1999, Porto Alegre, RS). Mais: Como Ensinar seu Filho a Ler, Como Ensinar Matemática para seu Filho e O que Fazer com seu Filho Lesionado Cerebral. Não disponho de indicação em português. Na certa o Google sabe. Acesse “Glenn Doman”.
Acesse também a edição de janeiro da Caros Amigos, onde Gaiarsa finaliza suas considerações acerca dessa nossa incrível capacidade de estragar o ser humano. Já nas bancas!

totalitarismo do estado de israel,

A visão sagrada de Israel

Duas coisas chamam a atenção nesta ultima guerra: a inclemência de Israel, e sua indiferença com relação à comunidade internacional. Mas existe um aspecto desta história que quase não se menciona, como se as “visões sagradas” do mundo e da história fossem uma característica exclusiva dos países islâmicos.

“Se o Hamas quer acabar com Israel, Israel tem que acabar com o Hamas antes”.

(Efraim, 23 anos, estudante de uma escola religiosa de Jerusalem, FSP 24/01/2009)

Durante vinte e um dias de bombardeio contínuo, Israel lançou 2500 bombas sobre a Faixa de Gaza – um território de 380 km2 e 1.500 milhão de habitantes - deixando 1300 mortos e 5500 feridos, do lado palestino, e 15 mortos, do lado militar israelita. A infra-estrutura do território foi destruída completamente, junto com milhares de casas e centenas de construções civis. E é provável que Israel tenha utilizado bombas de “fósforo branco” - proibidas pela legislação internacional com conseqüências imprevisíveis, no longo prazo, sobre a população civil, em particular a população infantil.

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, se declarou “horrorizado”, depois de visitar o território bombardeado, e considerou “escandalosos e inaceitáveis” os ataques israelitas contra escolas e refúgios mantidos em Gaza, pelas Nações Unidas. Richard Falk, relator especial da ONU sobre a situação dos Direitos Humanos em Gaza, também declarou que, “depois de 18 meses de bloqueio ilegal de alimentos, remédios e combustível, Israel cometeu crimes de guerra, e contra a humanidade, na sua última ofensiva contra os territórios palestinos. Crimes ainda mais graves porque 70% da população de Gaza tem menos de 18 anos” .

Dentro de Israel, entretanto - com raras exceções - a população apoiou a operação militar do governo israelita. Mais do que isto, as pesquisas de opinião constataram que o apoio da população foi aumentando, na medida em que avançavam os bombardeios, até chegar a índices de 90%. E no final, na hora do cessar-fogo, metade desta população era favorável à continuação da ofensiva, até a reocupação de Gaza e a destruição do Hamas. (FSP, 24/01/09).

Seja como for, duas coisas chamam a atenção – de forma especial - nesta ultima guerra: a inclemência de Israel, e sua indiferença com relação às leis e às críticas da comunidade internacional. Duas posições tradicionais da política externa israelita, que têm se radicalizado cada vez mais, e são quase sempre explicadas “escalada aos extremos” do próprio conflito. Mas existe um aspecto desta história que quase não se menciona, ou então é colocado num segundo plano, como se as “visões sagradas” do mundo e da história fossem uma característica exclusiva dos países islâmicos.

Desde sua criação, em 1948, Israel se mantém sem uma constituição escrita, mas possui um sistema político com partidos competitivos e eleições periódicas, tem um sistema de governo parlamentarista segundo o modelo britânico, e mantém um poder judiciário autônomo. Mas ao mesmo tempo, paradoxalmente, Israel é um estado religioso, e uma grande parte da sua população e dos seus governantes, tem uma visão teológica do seu passado, e do seu lugar dentro da história da humanidade.

Israel não tem uma religião oficial, mas é o único estado judeu do mundo, e os judeus se consideram um só povo, e uma só religião que nasce da revelação divina direta, e não depende de uma decisão, ou de uma conversão individual: “se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis uma propriedade peculiar entre todos os povos. Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo, 19, 5-6).

Alem disto, o judaísmo estabelece normas e regras específicas e inquestionáveis que definem a vida quotidiana e comunitária do seu povo, que deve se manter fiel e seguir de forma incondicional as palavras do seu Deus, mantendo-se puros, isolados e distantes com relação aos demais povos e religiões: “não seguireis os estatutos das nações que eu expulso de diante de vós...Eu Javé, vosso Deus, vos separei desses povos. Fareis distinção entre o animal puro e o impuro..não vos torneis vós mesmos imundos como animais, aves e tudo o que rasteja sobre a terra” (Levítico, 20, 23-25).

Para os judeus, Israel é a continuação direta da história deste “povo escolhido”, e por isto, a sua verdadeira legislação ou constituição são os próprios ensinamentos bíblicos. O Torá conta a história do povo judeu e é a lei divina, por isto não pode haver lei ou norma humana que seja superior ao que está dito e determinado nos textos bíblico, onde também estão definidos os princípios que devem reger as relações de Israel com seus vizinhos e/ou com seus adversários. Em Israel não existe casamento civil, só a cerimônia rabínica, e os soldados israelenses prestam juramento com a Bíblia sobre o peito e com a arma na mão: “Javé ferirá todos os povos que combateram contra Jerusalém: ele fará apodrecer sua carne, enquanto estão ainda de pé, os seus olhos apodrecerão em suas órbitas, e a sua língua apodrecerá em sua boca.” (Zacarias, 14, 12-15)

As idéias religiosas dos povos não são responsáveis nem explicam necessariamente as instituições de um país e as decisões dos seus governantes. Mas neste caso, pelo menos, parece existir um fosso quase intransponível entre os princípios, instituições e objetivos da filosofia política democrática das cidades gregas, e os preceitos da filosofia religiosa monoteísta que nasceu nos desertos da Ásia Menor. Mas o que talvez seja mais importante do ponto de vista imediato do conflito entre judeus e palestinos, e do próprio sistema mundial, é que Israel - ao contrário dos palestinos – junto com sua visão sagrada de si mesmo, dispõe de armas atômicas, e de acesso quase ilimitado a recursos financeiros e militares externos.

Com estas idéias e condições econômicas e militares, Israel seria considerado – normalmente - um estado perigoso e desestabilizador do sistema internacional, pela régua liberal-democrática dos países anglo-saxônicos. Mas isto não acontece porque no mundo dos mortais, de fato, Israel foi uma criação e segue sendo um protetorado anglo-saxônico, que opera desde 1948, como instrumento ativo de defesa dos interesses estratégicos anglo-americanos, no Oriente Médio. Enquanto os anglo-americanos operam como a âncora passiva do “autismo internacional” e da “inclemência sagrada” de Israel.


José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.