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sexta-feira, agosto 23, 2013

liberdade de expressão: nunca mais....

A moderna advertência de Miranda

Bradley Manning, espionagem, inteligência, eua

A principal fonte de informações do site WikiLeaks, o ex-praça do Exército dos EUA Bradley Manning, de 25 anos de idade, ao saber que tem pela frente uma pena de prisão 10 anos mais longa que toda sua vida anterior, se declarou mulher. “Me chamem Chelsea Manning”, pediu ele a seus correligionários afirmando a sua intenção de passar a respectiva terapia hormonal.

Outro denunciador, um brasileiro chamado David Miranda, namorado do repórter Glenn Greenwald do jornal The Guardian (que publicou os materiais do ex-agente da CIA e da NSA Edward Snowden), foi inesperadamente detido no aeroporto de Heathrow em Londres. A razão foi a alegada implicação de Miranda na publicação de vazamentos de Snowden. Nem a aura “não-tradicional”, nem a sua pertença à parte ativa da sociedade civil, aparentemente amada no Ocidente, salvaram os dois defensores da verdade de terem que passar algum tempo atrás das grades.
O mais interessante na situação de Miranda foi a reação dos jornalistas britânicos. Os cavalheiros das margens do Tamisa, invariavelmente homens de princípios, não perdem uma chance de criticar, por exemplo, a Rússia pelos problemas dos jornalistas russos ou, Deus nos livre, de jornalistas britânicos em controles fronteiriços nos aeroportos. Mas, no interrogatório de nove horas do brasileiro e no confisco de todas suas mídias eletrônicas, eles viram de repente uma justiça superior. Eis a opinião de Milo Yiannopoulos, editor-chefe do recurso de mídia britânico Kernel:
“A detenção desse David Miranda foi perfeitamente legal, porque ele participou na investigação jornalística do jornal The Guardian, que lhe tinha pago o bilhete. Ele era uma espécie de mula de carga para transportar documentos destinados a seu namorado. Ele devia ser detido. E se foi aplicada a lei certa ou errada para a sua detenção – pouco importa. No final, em vez da lei sobre o terrorismo poderiam ter sido aplicadas muitas outras leis.”
Como diziam em outros tempos num outro país, “desde que haja uma pessoa, haverá uma lei” para a condenar. É justamente esse tipo de situação que parece ter acontecido com Miranda. Mesmo se os dados eletrônicos que ele transportava foram obtidos por algum meio não muito legal, que tem isso a ver com terrorismo, por suspeita de envolvimento no qual Miranda foi detido?
Ironicamente, nos Estados Unidos, existe desde 1966 um precedente básico – a Advertência de Miranda. Um certo homônimo do brasileiro referido agora não foi, na altura, informado de seus direitos durante a detenção, e por isso seu testemunho foi excluído do processo. Trata-se do direito de não se autoincriminar, do direito a um advogado e de outras limitações importantes de arbitrariedade policial.
Em filmes de Hollywood, cenas como: “Você pode permanecer em silêncio...” parecem comoventes. Mas na vida real, o Estado já há muito que não segue essas regras – nem nos EUA nem no Reino Unido. Como se vê, uma pessoa não tem sequer de dizer uma única coisa.
Eis o que argumenta o advogado de Manning, o jurista David Coombs:
“O caso do praça Bradley Manning é um ponto de viragem para a liberdade de imprensa. Precisamos de reformas para que jornalistas não sejam sujeitos a processo criminal por obtenção de informação – ou seja por eles estarem fazendo corretamente seu trabalho de protetores da nossa democracia. Para que os jornalistas recebam tais informações são necessárias pessoas como o praça Manning. Pessoas que não têm medo de se levantar e estão dispostas a arriscar sua liberdade para que nós saibamos o que está acontecendo.”
A julgar pela sentença de 35 anos aplicada a Manning, bem como a atual caça a seus correligionários – a ativista de direitos humanos Laura Poitras, o ex-agente da CIA Edward Snowden, e agora David Miranda – tudo isso aponta para uma intenção muito clara das autoridades norte-americanas e britânicas, tanto judiciais como executivas. É a intenção de intimidar futuros buscadores da verdade, mostrar que, uma vez que você entra no “clube de denunciantes”, sua vida nunca mais será pelo menos normal.
“É como uma dor de dentes”, diz Laura Poitras. Se você não pode ser processado por ensinar os outros – e foi esse o objetivo declarado pelos promotores no julgamento de Bradley Manning – sua vida pode ser transformada em um inferno ao seu nome ser inserido em listas negras. Hoje já é óbvio que nos EUA e na Grã-Bretanha estas listas funcionam tanto em aeroportos, onde pessoas podem ser verificadas durante horas, como quando alguém se candidata a um emprego. Assim, muitos dos que permanecem em liberdade em breve terão inveja dos presos.
Em tal situação, não são surpreendentes nem as inesperadas as “flutuações” de sexo de Manning nem a inconsistência em suas ações: ora uma confissão de culpa em relação a todas as acusações, exceto uma, ora a proclamação numa carta ao presidente Obama da intenção de cumprir uma “sentença pela liberdade”. Lembro-me quando há vinte anos chamei a atenção de um dos membros do Comitê de Emergência russo para as inconsistências em seu depoimento, ele respondeu: “Na entrada da prisão você irá cantar ainda mais.”
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2013_08_23/A-moderna-advertencia-de-Miranda-5185/


ps:  se você pensa diferente que o sistema, ou se vc faz a crítica da sua moralidade ou da sua i-legalidade, você vira um anormal.  se você engolhe tudo, sem direito de opinar, se vc é domesticavel, você é o normal.
 isto é um claro sinal, que não tem mais democracia  nestes paises que se pratica tais atos, propios de um sistema fundamentalista.

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