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terça-feira, julho 08, 2008

Uribe e seu papel de virrey pro imperio: Parte II


ELN e FARC

O falecido comandante do ELN, Milton Hernandez (morto em 2007, em Cuba, por insuficiência renal), responsável das relações internacionais do grupo, foi o principal quadro da guerrilha colombiana a entender, em 2000, que os meios tecnológicos usados pelo EUA para promover uma guerra de contra-insurgência de novo tipo iriam provocar um grande desgaste de homens e materiais sobretudo nas regiões onde a guerrilha - em particular as FARC - exercita um controle permanente sob forma de território libertado.

O recém-falecido líder das FARC, Manuel Marulanda, acreditava que a vantagem operacional das FARC (mobilidade na selva e facilidade de comunicações) sobre o Exército colombiano poderia vir menos quando as novas divisões de luta anti-insurgentes entrassem em ação com todo seu potencial aéreo, seus soldados profissionalizados e o uso de poderoso meios de telecomunicação.

Por isso, mesmo se o presidente da Colômbia, André Pastrana, entregava a Brian Sheridan, secretário adjunto de Defesa dos EUA, a mais alta condecoração do poder executivo colombiano - a Ordem de Boyocá -, em 9 de fevereiro de 2001, os comandantes das FARC, Manuel Marulanda, Raul Reyes e Ivan Reis (todos falecidos neste ano), já elaboravam um “acordo com 13 pontos para o reinício das negociações de paz e a previsão de realizar conversações três vezes por semana”.

Oficialmente Pastrana aceitou esse segundo acordo de negociação pela paz, mas logo depois fez de tudo para o inviabilizar, querendo que as FARC aceitassem na mesa de negociações o dirigente paramilitar das AUC, o narco-traficante Carlos Castaño. É evidente que a guerrilha preferia voltar a combater na selva.

É necessário lembrar que a partir de 1997 — altura em que as FARC e o ELN fizeram um grande ataque conjunto em nível nacional sem, porém, conseguir promover a insurreição nas principais cidades — a guerrilha manifestou abertamente querer negociar a paz. Porém, sem a rendição unilateral, com o reconhecimento internacional do estado de beligerância e com a simultânea libertação dos prisioneiros.

Condições justas para o fim de uma guerra civil e preventiva, visto que a história do executivo colombiano é repleta de traições e de massacres de guerrilheiros (União Patriótica e o M-19 por exemplo) que entregaram as armas acreditando na “pacífica inserção no sistema político”.

Manipulação

O ELN, em 2006, com o apóio de Cuba e de alguns países da Comunidade Européia, tentou levar o governo Uribe à mesa de negociações na capital cubana, Habana. Porém, Uribe e a imprensa estadunidenses manipularam a proposta de negociação para lançar uma campanha internacional contra as FARC, dando a entender que o ELN teria aceitado o desarmamento e rompido com as FARC que continuavam na narco-guerrilha.

É evidente que somente alguns jornais e sites de esquerda publicaram o desmentido do ELN. O que prevaleceu foram as declarações de Uribe que se aproveitou da cumplicidade da mídia colombiana e norte-americana para manipular a opinião pública e continuar uma guerra cada vez mais atroz e sanguinária.

De fato, o Comandante das FARC, Raul Reyes, em sua última entrevista gravada no dia 28 de fevereiro, em seu acampamento ao sul do rio Putumayo, poucos dias antes de morrer durante um bombardeio, assim declarava a Aníbal Grzon e Ingrid Storgen”... Não me resulta que o ELN tenha aceitado o desarmamento (...) .Estamos em vias de efetuar uma entrevista entre as duas chefias, para fortalecer a unidade de ação, tendo em vista consolidar a luta contra o imperialismo e a oligarquia, pela nova Colômbia e, a Pátria Grande (....) A unidade da esquerda revolucionária,na qual estão as guerrilhas do EPL (Exército Popular de Libertação), do ELN e das FARC, é uma necessidade de ordem estratégica (...) O nome da coordenadora Guerrilheira Simon Bolívar insere-se exatamente dentro de nossa convicção bolivariana (...) O caminho está no fortalecimento da unidade anti-imperialista, progressista e da esquerda revolucionária. Impõe-se incrementar o internacionalismo, como expressão de solidariedade de classe...” (Em BRASIL DE FATO, edição 275 de 05/11 de junho de 2008)

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