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terça-feira, junho 24, 2008

Uribe: bombas, glifosato e manipulação (parte I)


Os contínuos bombardeios que a Força Aérea da Colômbia realiza para destruir os acampamentos das Forças Armadas Revolucionária da Colômbia (FARC) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) já não são mais noticia de destaque para a grande imprensa. Diferentemente do que aconteceu durante a Guerra do Vietnã, hoje, a maioria das reportagens sobre o conflito colombiano são extremamente genéricas, evitando falar se o exército está usando as famigeradas bombas cluster ou as de fragmentação ou os novos artefatos químicos “inteligentes”. Nada dizem sobre as fumigações de glifosato. Quando o assunto são os bombardeios efetuados pela Força Aérea colombiana o silêncio da mídia é praticamente absoluto.

De tempos em tempos, alguns destemidos defensores dos direitos humanos conseguem quebrar o “status quo” apresentando as provas mortíferas dos bombardeios. Porém, são raras as vezes que a televisão veicula tais conteúdos.

A verdade é que as TVs colombianas conseguiram promover, nos habitantes de Bogotá e de cidades importantes como Medellin, Cali, Bucaramanga, Barranquilla, Monteira e Palmira, um sentimento de saturação com todas as questões relacionadas à guerra. Quando a mídia veicula o assassinato ou o seqüestro de um parlamentar, um sindicalista ou um líder de entidade popular, a maioria das pessoas entrevistadas respondem de forma aleatória ou se torna indiretamente cúmplice, ao dizer:”....Se os paramilitares fizeram aquilo, é porque ele devia estar ligado aos terroristas das FARC!....Se ele foi seqüestrado é por que devia ser um potencial terrorista!.... Se o mataram é porque era um informante da narco-guerrilha!”.

Guerra psicológica

O principal objetivo da guerra psicológica desenhada pelos Estados Unidos, a partir do ano 2000, para interferir na guerra contra as FARC (fundadas por Manuel Marulanda - falecido no mês de maio - como grupo de auto-defesa dos camponeses) e o ELN (que, por um certo período e até sua morte em combate, foi liderado por Camilo Torres e, depois, pelo padre, Manuel Perez) era ganhar a confiança de amplos setores populares das grandes cidades.

Para isso, os estrategistas da contra-insurgência decidiram que era prioritário acabar com a guerra de gangues pelo controle dos postos de venda de cocaína nas favelas. A seguir, as campanhas começaram a apresentar nas TVs as gangues de narco-traficantes das favelas como aliados das FARC e do ELN em luta contra os grupos para-militares (AUC) - empenhados, ao lado do exército, nas operações de contra-insurgência no interior do país.

Este projeto midiático foi determinante para a reeleição do presidente Alvaro Uribe e para impor a emenda constitucional que permite o terceiro mandato a partir de 2010.

Na verdade, os diferentes planos de Uribe financiados com o dinheiro do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, previam não só a repressão, mas, a transformação dos sobreviventes das gangues de narcos em “vigilantes”dos pontos nevrálgicos das favelas, com salários pagos pelo Ministério do Interior.

Guerra de novo tipo

Na Colômbia, os bombardeios aéreos são iguais aos que os generais estadunidenses planejam no Iraque para “limpar o terreno de insurgentes”. E, na linguagem militar “limpar o terreno” significa bombardear um retângulo virtual onde os satélites interceptaram uma certa quantidade de ondas magnéticas, a partir das quais os especialistas identificam as aéreas de emissão/recepção de sinais para celulares ou de modem wireless dos laptops.

Por isso, desde o início do Plano Colômbia, a presença de militares e civis ligados ao controle aéreo e, sobretudo, aos serviços de “interceptação das telecomunicações” foi sempre executado em pleno “Top Secret” e com o monitoramento dos oficiais estadunidenses especializados em lutas contra-insurgentes.

Desde o ano 2000, os centros de interceptação sempre foram operados pelos especialistas das “empresas civis estadunidenses” que, como a MPRI e a Dyn Corp.., dão “assessoria para questões logísticas e de comunicações” ao Ministério da Defesa da Colômbia.

A guerra psicológica que os EUA começaram a combater na Colômbia contra as FARC e o ELN foi associada à guerra tecnológica. Esse novo produto da “arte militar” é a conseqüência de uma recente estratégia coerente com a intervenção de baixa intensidade na América Latina, por parte dos Estados Unidos. Contexto que integra um processo de militarização constante das aéreas de interesses estratégico com o programa de expansão do neoliberalismo, articulado com as políticas do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.

Contra-insurgência

Não foi por acaso que o Plano Colômbia necessitou de quase dois anos de organização para entrar em ação e da super-visão de dois especialistas em planejamento da luta de contra-insurgência como o Brigadeiro Keith M. Huber e o general Peter Pace, ambos do Comando Sul estadunidense.

De fato, o Brigadeiro Huber — que já serviu em 1987 em El Salvador, para depois dirigir no Oriente Médio o aparato “de ação cívica para ganhar toda a mente e o coração das populações civis”—, chegou na Colômbia assessorado por 97 instrutores estadunidenses, e em 2001 acabou o treinamento dos primeiros três batalhões contra-insurgentes (6.000 homens). Depois passou a treinar três divisões com aproximadamente 36.000 homens (incluindo as unidades complementares e de apóio logístico) equipadas com 100 helicópteros, entre os quais 74 do tipo UH-1H Huey e 30 modernos Blackhawacks.

Por sua parte, o general Pace, foi responsável pela construção da base aérea de combate “anti-narcóticos” de Larandia, no departamento de Caquetá, onde operam os aviões de reconhecimento e espionagem utilizados pelos “especialistas” estadunidenses, o “centro de inteligência” das telecomunicações e o armazém as bombas mais sofisticadas (cluster, fragmentação e fósforo).

Esta poderosa máquina de guerra criada com o Plano Colômbia concentrou seus efetivos em “operações de limpesa” nas regiões ocupadas pela guerrilha: Putumayo e Caquetá (FARC), Arauca e Madalena (ELN) e Bolívar (FARC e ELN). Para isso foi montada uma permanente operação de interceptação das telecomunicações que, ao longo dos primeiros cinco anos, permitiu ao Exército colombiano de desenhar o mapa operativo e logístico da guerrilha, e contra a qual foram lançadas impiedosas operações de bombardeios que, de fato, desarticularam vário Comandos regionais das FARC e do ELN.

fonte portal popular

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