musica con sentido e sentimiento

quarta-feira, outubro 15, 2008

O rentável negócio da droga nos EUA

Não obstante, como toda grande indústria num mundo de capitalismo e livre mercado, também esta é altamente concentradora e monopolizada

Ópio, cocaína, maconha e anfetaminas mobilizam mundialmente, cada ano, um orçamento que pode dobrar o de um país petroleiro como Venezuela. Devidamente lavados e levados a honoráveis bolsas de comércio, os lucros anuais do narcotráfico chegam a representar, em ações perfeitamente legais, mais de 3 trilhões de dólares: uma cifra que torna ridícula a pretendida idéia de que é este um negócio manejado por capos terceiro-mundistas que se escondem em algum bunker da Colômbia ou do Afeganistão.

Um camponês boliviano – ponhamos Julio Quispe, para inventar um nome – que evada o monopólio estatal da coca, receberá 1.375 dólares pelos 275 quilos de folhas necessárias para produzir um quilo de pasta ou base de cocaína. Um narcocolombiano – digamos, Álvaro Jaramillo – poderá processar esse quilo de pasta e vendê-la a qualquer congênere por uns 5 mil dólares, ou transformá-la em cloridrato e revendê-la em Cartagena ou Bogotá por 15 mil dólares. No Harlem, ou na Broadway, ou em Harvard, um Tom Smith ou Jimmy Johnson qualquer poderá optar entre oferecer o pó puro, a uns 30 mil dólares o quilo, ou adulterá-lo até obter, por cada grama de pedra ou craque, entre 40 e 80 dólares. Os 1.375 dólares de Julio Quispe são, agora, em média, 60 mil.

Um negócio simples, dir-se-á: não requer mais do que umas folhas que crescem quase silvestres, algo de querosene, um pouco de ácido sulfúrico e acetona, um narcomula ou uma propina ou um disfarce talvez. E, claro, um tanto de má consciência e outro de ousadia para deslocar de um lugar a outro esses mil gramas.

Mas não é um quilo: são 992 mil, pois essa foi, segundo o Escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime (UNODC, na sua sigla em inglês), a produção mundial de cocaína em um ano tão qualquer como 2007. E não é só coca: também há, igualmente lucrativos ou mais, 8,87 milhões de quilos de ópio. E 41,4 milhões de quilos de maconha. E 494 mil de anfetaminas várias. E pare você de contar alucinógenos e outras espécies.

Falamos, então, de mobilizar por todo o mundo, desde as selvas mais apartadas até os colégios e universidades e bares e escritórios de qualquer cidadezinha primeiro-mundista, algo mais de 50 milhões de quilos de substâncias ilícitas, que são objeto de perseguição feroz e de guerra à morte. Falamos, ademais, de mover também pelo mundo inteiro outra coisa ainda muito mais difícil de fazer passar inadvertida: os 500 bilhões de dólares que, como mínimo, no dizer dos especialistas (da ONU, do Fundo Monetário Internacional, da Drug Enforcement Administration ou DEA), essas substâncias dão de lucro anual. Em preços de 2006.

Isso é o narcotráfico. E é apenas o começo.

Coisas que podes saber só de olhá-las

No começo da longa cadeia do narcotráfico, nem tudo são elos perdidos: conhece-se perfeitamente os grandes centros de produção. E as grandes rotas de distribuição também.

Com 193 mil hectares semeados de dormideira, o Afeganistão concentra 92% da produção mundial de ópio. Pura, ou transformada em morfina ou heroína, a droga afegã flui para a Europa através do Paquistão, das ex-repúblicas soviéticas do Turcomenistão e do Uzbequistão, do longo corredor curdo, da Geórgia, da Chechênia, dos Balcãs. De longe, Miamar compete com seus 27 mil hectares de papoula.

A Colômbia é dona de 55% do cultivo mundial de folhas de coca: 99 mil hectares. Seguem-lhe Peru, com cerca da metade disso, e Bolívia, com 28.900 hectares quase inteiramente dedicados ao processamento e comércio legal. O cloridrato de cocaína tem por destino principal os Estados Unidos. Sobe pelo Pacífico, via Panamá, ou pelo Caribe colombiano, ou atravessa a Venezuela para fazer escala nas Antilhas. Outra parte, menor, cruza o Atlântico e toca a África antes de entrar na Europa.

A Ásia oriental e tecnologizada representa 55% do mercado mundial de anfetaminas (êxtases e outros estimulantes), e se encarrega por si mesma de produzir e consumir seus tabletes. O mesmo o fazem seus outros dois grandes competidores: a culta Europa e os Estados Unidos da implacável DEA.

Desses mesmos super vigiados prédios da DEA no território estadunidense, sabe-se com certeza que os Estados Unidos ficam com a maior porção do bolo no mercado mundial de produção e consumo de maconha, graças às técnicas de cultivo hidropônico em interiores e inclusive em subsolos. Ainda que mais democrático em sua irrigação pelo globo, a cannabis se semeia em 172 países, a América concentra 55% da produção e tem em seu lado Norte uma das mais altas taxas de prevalência mundial: 10,5% dos norte-americanos entre 15 e 64 anos são consumidores. Na Europa, com três milhões de viciados (consumo diário), essa erva encabeça as estatísticas do Observatório Europeu das Drogas e Toxicomanias.

Com apenas esses poucos dados, algumas coisas começam já a chamar a atenção no obscuro mundo do narcotráfico. Coisas, digamos, que não parecem ser casuais.

Por exemplo, que Afeganistão, o quase monopólico centro mundial de produção de opiáceos, esteja literalmente cruzado de tropas invasoras, mísseis, tanques e mortos, e, no entanto...

Que do Paquistão e até das ex-repúblicas soviéticas do sul, amistosamente ocidentais, não se fale. Que Geórgia e Chechênia, o corredor curdo (Irã, Iraque, Turquia), e a porta de fundos da Europa (Albânia, os Balcâs) sejam tão cruamente cenário de guerras, de intervenções, de vigilância extrema pela mal chamada comunidade internacional, e, no entanto...

Que Miamar esteja na lista dos Estados falidos, e, no entanto...

Que a Colômbia acumule nove anos de Plano Colômbia, de balas, de deslocados e de mortes outra vez, e, no entanto...

Que o Caribe seja tão decididamente mare nostrum dos gringos, tão sulcado de patrulhas, e de satélites, e, no entanto...

Ou, por exemplo, que a maconha, por longo tempo a rubrica de maior peso no narcotráfico mundial (80%), em termos de tonelagem, a que mais alarmes de consumo acende nos países altamente desenvolvidos, e a que ali mesmo se produz, assim como as anfetaminas, seja justamente a droga menos perseguida.

Mas, claro: ninguém se imagina um Plano Holanda, um bombardeio incendiário de laboratórios semeados em Borgonha, uma invasão aliada contra Londres, umas autodefesas que desloquem e aniquilem as populações do Harlem ou do Queens. Ainda que sejam negros, ainda que sejam boricuas [porto-riquenho cuja família reside em Porto Rico há várias gerações]. Ali, o narcotráfico serve para outra coisa.

Peões, capatazes, laranjas

Um simples cálculo matemático estabelece que se as 50 mil toneladas de produção mundial de drogas se transportassem em contêineres de uso corrente, se necessitariam 1.250 gôndolas para carregá-los. Outros, mais ociosamente, calcularam que os lucros respectivos, empilhados em cédulas de cem dólares uma sobre a outra, formariam uma torre de mil metros de altura: quatro torres do Parque Central de Caracas, uma em cima da outra.

Não é fácil esconder um frete assim. Segundo diversos informes internacionais, os orçamentos do combate mundial contra o narcotráfico equivalem quase ao mesmo valor gerado pelo comércio de drogas (colombiadrogas.wordpress.com). Só o Plano Colômbia, no momento de sua aprovação por Bill Clinton, contemplou para esse fim um montante de 1,3 trilhões de dólares. Um total de 87 escritórios da DEA se repartem em 63 países, além dos 227 existentes em território estadunidense, para recordar ao mundo que essa luta é exigência da maior das potências econômicas, militares e policiais.
E, no entanto: durante todo 2007, esse mesmo DEA teve que jactar-se como logro maior uma apreensão de 19.434 quilos de cocaína num barco de bandeira panamenha: 1,9% da produção mundial.

Os supostos grandes capos da droga que terminam presos ou mortos guardam proporção com essas últimas cifras. Carlos Lehder, co-fundador do Cartel de Medellín, era, ao ser capturado dono de dois hotéis, dois aviões, sete fazendas em Quindío e outros departamentos, lanchas e ao menos 1,8 milhões de dólares aplicados (www.pabloescobargaviria.info/index). Ao ultra-famoso e finado Pablo Escobar Gaviria, se lhe atribuiu uma fortuna (nunca auditada, jamais comprovada) de entre 5 e 10 bilhões de dólares: 1% ou 2% do que produz “o negócio” em 12 meses apenas.

Esses grandes czares nunca foram mais que pequenos intermediários. Hoje, quando já não estão, quando já não é possível ser a um mesmo tempo capataz de fazenda produtora e presidente de um banco ou uma universidade, seus sucessores são milhares e milhares de peões que só se alçam um escalão ou dois por sobre essa raia miúda do narcotráfico do tal Jaramillo ou Tom Smith ou Jimmy Johnson.

Disse uma vez o ex-presidente venezuelano Carlos Andrés Pérez, conhecedor de ofício: “Há duas coisas impossíveis de ocultar: a tosse e a riqueza”.

A grande lavadora

Como se faz para esconder quatro torres do Parque Central feitas de cédulas de cem dólares? Como se apaga um orçamento que é quase o dobro do de um país que flutua em petróleo como a Venezuela? Como podem passar despercebidos 500 bilhões de dólares por ano?

Porque, obviamente, a finalidade do narcotráfico não consiste em enterrar pacotes sob o piso.

Antes de chegar ao extremo superior da cadeia, o negócio das drogas tem, como é sabido, um elo fundamental na lavagem de dinheiro. De cumprir essa função nos níveis dos laranjas e intermediários, se encarregam sistemas artesanais: desde o individuo que abre 10 ou 20 contas em outros tantos bancos até esses centros de diversões que repentinamente, sem motivo aparente, se põem na moda e se enchem de luxuosos edifícios e centros comerciais que logo ficam abandonados ou nunca se concluem.

Não obstante, como toda grande indústria num mundo de extremo capitalismo e livre mercado, também esta é altamente concentradora e monopolizada. Quem tenha, pois, um modesto 10% desse bolo, deverá lavar, cada ano, 50 bilhões de dólares. Vale dizer, a mesma cifra que, desde o ano 2000, A ONU vem pedindo reunir, inutilmente, para poder cumprir seu grande Objetivo do Milênio: a redução da pobreza.

Para dissolver problemas desse tipo, o branqueamento de dinheiro sujo de qualquer espécie, o sistema financeiro internacional permite e apadrinha um não-sistema: um espaço de extraterritorialidade alheio a todas as leis nacionais, superintendências bancárias, regulações, convênios internacionais: alheio a tudo quanto não seja o dinheiro e sua intrínseca tendência ao lucro e à acumulação.

Esse espaço é o dos assim chamados paraísos fiscais e os bancos offshore, cujas interioridades foram exaustivamente reveladas pelo jornalista e escritor argentino Julio Sevares, em estudo intitulado “O dinheiro sujo, sangue do sistema econômico e o poder”.

No ano de 2004, existiam no mundo 72 desses paraísos, nos quais funcionavam um milhão de sociedades amparadas pelo anonimato: empresas virtuais ou reais que nada nem ninguém obriga a apresentar balancetes, estabelecer sua composição acionária ou, inclusive, ter capital algum. Não obstante, a elas se somavam mais de 4 mil bancos offshore com depósitos conjuntos que superavam os cinco bilhões de dólares.

Paraísos fiscais célebres são os das Bahamas e das Ilhas Caymann, no Caribe, mas os há por todo o mundo: funcionam profusamente no centro de Londres, em Mônaco, em Tóquio, no diminuto estado de Delaware, a poucos minutos de Nova York e de Wall Street. E os há inclusive em lugares tão curiosos como o Principado de Sealand, que funciona em uma antiga plataforma petroleira do Mar do Norte, ou o Domínio de Melchizedek, situado sobre um desértico atol vizinho às Ilhas Marshal, qu, através da página web www.Melchizedek.com, oferece cidadania, passaporte e facilidades para toda classe de negócios. Sem um único edifício à vista, tem, em seus bancos, 25 bilhões de dólares.

No livro “Capitalismo criminal: ensaios críticos” (Bogotá: Universidade Nacional da Colômbia, 2008), Tom Blickman precisa a magnitude e o modus operandi dessas eficientes lavadoras: A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE), que agrupa os 30 países mais ricos do mundo, estima que o volume do comércio mundial que passa pelos paraísos fiscais de maneira documentada cresceu, desde começos dos anos 1970 até 2004, cerca de 50%, pese a que esses lugares representam apenas 3% do produto bruto mundial. Essa extraordinária discrepância é uma indicação do grau em que a maioria das principais corporações aproveitam a mobilidade transnacional de seus capitais para lavar seus lucros através de paraísos fiscais e regimes de impostos baixos.

E acrescenta em seguida: Ditas corporações utilizam uma variedade de mecanismos, como a re-fatura e os preços de transferência bens comercializados entre companhias com um dono comum a preços arbitrários, independentes do mercado, e que permitem baixar impostos declarando custos altos e preços de venta baixos nos lugares de maior tributação dos lucros, ou como as transações realizadas para companhias de papel e para fundos fiduciários secretos extraterritoriais. Meios tais como as contas fiduciárias móveis, que se trasladam automaticamente a outra jurisdição quanto se realizam averiguações ou solicitações de assistência mútua judicial, facilitam claramente o delito.

Como a imensa maioria das empresas assentadas em tais territórios, boa parte dos bancos offshore não mostrarão nunca ao cliente nem escritórios nem empregados: são, na realidade, instituições virtuais, conhecidas na gíria como co-responsáveis, que, para funcionar, só requerem de uma conta aberta em uma instituição bancária fisicamente estabelecida nesse ou outro paraíso. Se ainda maior segurança no apagamento de toda pista que vincule depositário e depósito é requerida e necessária, recorre-se ao nesting ou ennidado: uma conta em um banco que, por sua vez, tenha conta em outro banco que tenha conta em um offshore.

Quem tenha dúvidas imerecidas, há que se dizer sobre a seriedade desse sistema bancário virtual. Pode, assim, perfeitamente depositar sua confiança no respaldo que lhe proporcionam principalíssimos bancos da Suíça, da Inglaterra, da Alemanha, do Japão, dos Estados Unidos e muitos mais.

Julio Sevares recolhe informação da revista The Economist, em sua edição de 14 de abril de 2001, que permite em tal sentido dissipar as apreensões do mais desconfiado dos narcotraficantes: Três quartos dos grandes bancos investigados pelo Senado estadunidense têm, cada um, mais de mil contas de bancos co-responsáveis. Os dois maiores bancos da lista, que não são estadunidenses, têm 12 mil e 7.500 contas cada um. Em meados de 1999, os cinco principais bancos estadunidenses com contas de co-responsáveis tinham 17 bilhões de dólares nessas contas. Os 75 maiores bancos tinham depositados nelas 35 bilhões de dólares.

Esse é o não-sistema. Num informe de 1999 (Mercados internacionais de capital), o Fundo Monetário Internacional (FMI) citava Alan Greenspan, então presidente do Federal Reserve (Banco Central dos EUA): Nós não entendemos completamente a dinâmica do novo sistema.

Mas não interessa entendê-lo. Funciona. E como lava!

O último elo da cadeia

Se nunca houve nem haverá um Plano Holanda, tampouco se pensou jamais numa mera Operação Melchizedek. Ao final da longa cadeia do narcotráfico não há batidas, nem invasões, nem repressões, nem fotos de frente e perfil com número embaixo. Óbvio.

Quem queira, pois, nomes e rostos, deverá levar em conta o bom olfato ou a má língua dos jornalistas. Ou confiar em sua própria perspicácia.

Recordar, por exemplo, que Lucio Gelli, grande capo da Loja P-2, teve por sócio principal o Banco Ambrosiano do Vaticano, lá pelos anos 1970.

Que no escândalo do Bank of Credit and Commerce International (BBCI), sétima instituição bancária no ranking mundial, saíram à luz, em 1991, assuntos tais como financiamento do terrorismo e lavagem de dinheiro, contas pessoais de Manuel Noriega, Saddam Hussein, Ferdinando Marcos, e depósitos da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), do serviço secreto israelense (Mossad) e dos “contra” nicaragüense. E que, com o banco, veio abaixo a gigantesca transnacional de auditorias (auditorias!) Price Waterhouse. E que, nos julgamentos subseqüentes, do lado da defesa de um dos grandes sócios do BBCI, interveio certo escritório entre cujos advogados estava certa Hillary Rodham, mais tarde conhecida, apesar da Lewinsky, como Hillary Clinton.

Que o seríssimo Citibank deixou de sê-lo pelas contínuas investigações e denúncias que o vincularam à prática da lavagem, com diretas referências a regimes altamente corruptos como o do mexicano Carlos Salinas de Gortari, o do peruano Alberto Fujimori e o do filipino Joseph Estrada. Não casualmente, chefes de Estado em países produtores de drogas.

Que, no caso do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi descoberto, em seu vasto conglomerado midiático, uma contabilidade paralela para 64 empresas fantasmas: espécie de super-lavadora para uso pessoal.

Que, enfim, a KBR, gigantesca transnacional da engenharia e da construção, fechou, nesses últimos anos, bilionários contratos em todos esses grandes centros de produção de drogas aqui citados, e nos corredores que vão do Paquistão à Bósnia e da Colômbia ao México. E que sócios-chaves dessa empresa são a família Bush e seu segundo na cadeia de comando, o vice-presidente Dick Cheney.

Por que ou para quê?

Não tem então muito sentido perguntar-se por que os governos que regem o destino do planeta dedicam tanta energia ao tema do narcotráfico e não apontam suas armas contra os quartéis generais dessa indústria. Caberia mais perguntar-se o porquê de botarem tão aparentemente o mundo em pé de guerra contra ele.

Catherine Austin Fitts, uma ex-funcionária do governo de Bush pai, e atualmente diretora de um fundo de inversões em Wall Street, aponta um motivo que ajuda a compreender as razões dessa suposta contradição: cada dólar que se aponta na linha de lucros de uma transnacional como General Motors, Toyota, British Petroleum, por exemplo, representa, automaticamente, por essa estranha lógica do livre mercado, um incremento de seis dólares no valor de suas ações.

Não é pouca coisa, se multiplicamos por seis os 500 bilhões do narcotráfico. Cedidos em empréstimo a juros baixos, ou inclusive em troca simples por ações, são 3 trilhões de dólares. Perfeitamente legais, cambiáveis, usáveis. Em mútuo benefício. Um montante que não convém deixar ao alcance de potenciais competidores.

Disse o renomado jornalista francês Christian de Brie: O abandono das soberanias nacionais e a mundialização liberal que permite aos capitais circular sem controle de um lado a outro do planeta possibilitaram o crescimento explosivo de um mercado financeiro fora da lei, motor da expansão capitalista lubrificado pelos lucros do grande crime (Crime, a maior empresa livre do mundo, em mondediplo.com).

Assim, enquanto os lucros do narcotráfico faz as vezes de motor do seleto grupo de empresas que realmente domina o planeta, e enquanto as guerras lhes permitem apoderar-se para esse ou outros negócios de países inteiros, a raia miúda da droga serve de carne de canhão.

Lá longe, Julio Quispe, Alvaro Jaramillo, Tom Smith ou Jimmy Johnson contam felizes seus parcos lucros, sem saber que são ao mesmo tempo vítimas e propulsores necessaríssimos do neoliberalismo selvagem. Uma droga como qualquer outra.

fonte (brasil de fato)

Nenhum comentário: